24 de abril de 2007

Vida cinzenta...

Acordo com a sensação de mais um dia cinzento! Saio de casa e a neblina matinal encobre o sol e causa um arrepio aos mais desprevenidos. À tarde depois de uma longa e penosa luta contra o cinzentismo, lá aparece o sol, sento-me na varanda na pausa para café e deixo-me ficar com o sol a aquecer-me a cara e a alma! 10 min depois volto ao trabalho com a sensação de que o dia acabou de começar!

RC

23 de março de 2007

Neura, punk, afins

A neura, fabuloso substantivo que uso correntemente para descrever um estado de espírito de alienação, apatia, împaciência, que muitos denominariam de depressão, mas que não o é, é um dos meus estados de espírito mais estranhos... Por norma, tratam-se de momentos de introspecção, em que penso em tudo, sem pensar, ou seja, não me lembro do que penso. Por outro lado, vejo-me a viver momentos de revivalismo, tais como ouvir o belo punk de intervenção dos anos 80, recordar belos momentos vividos ao som desses acordes repetitivos e pensar no quanto a vida muda e no quanto nós mudamos!

Mas amanhã será outro dia, e as ideias e ideiais que hoje me atormentam voltarão ao baú de recordações de onde sairam, por breves instantes, e o sol voltará a brilhar e a iluminar o que me rodeia!

RC

12 de março de 2007

Podcasts

Num mundo cada vez mais global, rápido em que as notícias são passado antes de as conseguir ler, descobri (muito provavelmente um pouco tarde) o conceito dos podcasts.

Neste momento ainda não passei dos programas que já conhecia de quando vivia em Portugal. Estes estão disponíveis no site da rtp. Para quem tem um ipod e utiliza o itunes, é tudo muito simples. Para quem utiliza outros equipamentos terão que seguir as instruções, mas também não tem nada que saber.

Por agora, vou ouvindo as entrevistas ou os programas temáticos no caminho para o trabalho ou sempre que coloco os fones para silenciar o mundo buliçoso que me rodeia. De futuro, explorar um pouco mais o mundo dos podcasts e ver o que por aí há.

Cumprimentos

RC

7 de fevereiro de 2007

Bola...

E foram 2... Quais irmãos quais quê! Pareciam bulldozers a escavar um qualquer descampado, e a confundirem troncos e calhaus com as pernas dos nossos jogadores!

Às vezes as memórias dos bons momentos passados no mundial reaparecem, e Março volta a soar na minha cabeça como a data de candidatura para os primeiros bilhetes para o Europeu! Esperemos que a exibição que se viu hoje se repita contra os nossos adversários directos na qualificação.

E num país cujas cores da camisola da selecção são identicas às brasileiras e em que Ronaldinho e companhia são quase que elevados à condição de deuses, dá um gosto enorme viver esta vitória no bar de desporto mais frequentado!

Até uma próxima

RC

21 de janeiro de 2007

Um cheirinho a Inverno


O chão finalmente mudou de cor. O branco tomou conta da cidade, os arbustos ficam escondidos à espera que um incauto choque com eles e sacuda o manto que os cobre, os pássaros abrigam-se do frio, os seres humanos evitam sair à rua. Até parece que a neve queima, ou magoa. Ou será que é apenas o medo de se misturarem com a monotonia, a homogeneidade, a brancura, porque uma cidade coberta de neve, é como uma manta branca com uns padrões lá pelo meio...

Será que veio para ficar? Ou a cidade de repente despertará novamente, de uma noite mal dormida...

RC

15 de janeiro de 2007

Um pouco de sonho nostálgico...

"Poema da malta das naus"

Lancei ao mar um madeiro,
espetei-lhe um pau e um lençol.
Com palpite marinheiro
medi a altura do Sol.

Deu-me o vento de feição,
levou-me ao cabo do mundo.
pelote de vagabundo,
rebotalho de gibão.

Dormi no dorso das vagas,
pasmei na orla das prais
arreneguei, roguei pragas,
mordi peloiros e zagaias.

Chamusquei o pêlo hirsuto,
tive o corpo em chagas vivas,
estalaram-me a gengivas,
apodreci de escorbuto.

Com a mão esquerda benzi-me,
com a direita esganei.
Mil vezes no chão, bati-me,
outras mil me levantei.

Meu riso de dentes podres
ecoou nas sete partidas.
Fundei cidades e vidas,
rompi as arcas e os odres.

Tremi no escuro da selva,
alambique de suores.
Estendi na areia e na relva
mulheres de todas as cores.

Moldei as chaves do mundo
a que outros chamaram seu,
mas quem mergulhou no fundo
do sonho, esse, fui eu.

O meu sabor é diferente.
Provo-me e saibo-me a sal.
Não se nasce impunemente
nas praias de Portugal.


António Gedeão in "Teatro do Mundo", 1958

11 de janeiro de 2007

Normalidades

Após o interregno natalício, que afinal continua a chamar-se Natal, muito embora alguns ilumindados queiram forçar a sua renomeação, volta-se calmamente ao dia-a-dia que por breves instantes, se esqueceu, entre dois copos de cerveja e dois dedos de conversa com os amigos de sempre e aqueles que por momentos haviam desaparecido.

Timidamente, tudo volta ao normal: a rotina, a neve que recomeça a cair, embora sem o fulgor que a minha maldita memória ainda relembra, o sol que tenta ofuscar os olhos olheirentos de quem sai do aconchego do lar para ir trabalhar...