30 de outubro de 2005

A batalha das bengalas!

Inicio este espaço semanal referindo-me à temática das eleições presidenciais.

Há muito que estas eleições fazem correr muita tinta na imprensa nacional e ao mesmo tempo ocupam minutos nos principais canais televisivos do país! No entanto só há 2 semanas ficaram definidos os candidatos.

Temos então 5 candidatos. Dois deles são eternos candidatos, que só o são para que se fale neles e nos seus partidos. Falo de Jerónimo de Sousa e de Louçã. Penso que até eles sabem que não têm perfil para serem presidente de todos os Portugueses. A um presidente da República exige-se isenção, boas capacidades negociadoras e um papel moderador. Olha-se para estes dois e nenhum destes papéis joga com eles!

Temos depois Manuel Alegre, o poeta (parece nome de rei mas não é!). Aqueles que se supunha ser o candidato apoiado pelo partido Socialista, mas que acabou por não o ser devido à lógica dos votos (pensavam eles que o nome Soares ainda era sinónimo de vitória). Ora inicialmente a candidatura do poeta (perdoem-me o título, mas para mim é o que ele sempre foi) era vista como uma candidatura de revolta contra aqueles que diziam contar com ele para derrotar a direita, mas assume-se agora como a verdadeira candidatura socialista. Tendo eu crescido e vivido no distrito de Coimbra até há 2 anos atrás, o nome Manuel Alegre significava apenas o deputado do PS eleito por Coimbra. Nem os textos dele eram leccionados na escola. Lembro-me do nível dos seus discursos na Assembleia da República. Batia aos pontos 90% daqueles que o rodeavam. Quando houve a polémica da co-incineração enfrentou os manda-chuva do partido (tal qual está a fazer agora) para defender uma causa em que acreditava. Não se barricou em casas de banho, não usou de nenhuma forma para obter mediatismo, nem mais horas nas TVs. Apenas tomou acções nos locais próprios. Manuel Alegre assume-se agora (sem que ninguém ainda o queira admitir) como o verdadeiro candidato dos socialistas, dos verdadeiros socialistas, de esquerda. Mesmo sem a logística que o apoio do PS implicaria, está bem posicionado nas sondagens para ser, não o 3º mais votado, mas para chegar à 2ª volta das eleições. Ontem, após a 1ª reunião da sua Comissão Política, saiu-se com uma afirmação que vinda de outra qualquer boca implicaria logo o "apedrejamento"e revolta contra o fascismo implícito nessas afirmações! "É preciso "reapreender a dizer com orgulho" a palavra "pátria". É disto que o nosso país precisa. Precisamos que se volte a ter orgulho em ser Português e nesse aspecto a candidatura de Manuel Alegre poderá ter um grande papel, mesmo que saia vencida.

Passando a Soares, o mais velho dos candidatos e que esta semana deu provas da sua....senilidade! Quando questionado pelos jornalistas, após apresentar as linhas programáticas da sua candidatura, disse umas quantas asneiras, que passo a descrever. Ao ser questionado ácerca do referendo de despenalização do aborto, o candidato referiu que "a questão está neste momento a ser discutida na Assembleia da República" quando apenas se aguardava por uma decisão do Tribunal Consitucional para se saber se haveria referendo ou não! Foi ainda questionado sobre a sua militância partidária e uma das vezes referiu que "tinha entregue o seu cartão de militante ao presidente do PS, na altura em que este partido era dirigido por António Macedo [há cerca de 20 anos] e que mais tarde, quando regressou à vida civil e António Guterres, numa cerimónia pública, lho quis entregar de novo, não o aceitara." Mais à frente afirmou que "Não voltei à militância, mas conservo o cartão que me deram, que é agora o de militante número um [por falecimento de António Macedo]. E se vier a ser eleito, como espero, nessa altura devolverei o cartão.". Confusões estranhas, não são!? O facto de não saber quantos anos foi dirigente do partido Socialista, ter confundido o papel de Nuno Severiano Teixeira na sua candidatura e de uma jornalista ter precisado de repetir a mesma pergunta 3 vezes para que Soares a percebesse levam-me a concluir que Soares já não é o que era! Os anos passam e as pessoas envelhecem. Como alguém já disse, Soares devia era estar quieto a cuidar dos netos e a dormir as suas sestas! De muito mau gosto tem sido também a violação das leis eleitorais que esta personagem tem protagonizado, ao lançar apelos ao voto em X e Y no dia das eleições. Sendo quem é, deveria dar o exemplo. O que é ainda mais estranho é a falta de punição por parte da CNE. Se fosse o Zé Ninguém da esquina levava com uma multa que o deixaria depenado! E mais assustador ainda foi a afirmação de que iria viajar o que fosse preciso! Quem não se lembra das viagens deste senhor às custas do orçamento de estado!

Falemos de Cavaco. Antes de mais tenho que dizer que sou um confesso admirador da pessoa Cavaco. Nasci no ano em que foi eleito pela primeira vez. Cresci num país em constante mudança e desenvolvimento. Ainda sou do tempo em que valia a pena ir a Espanha fazer compras. Quando saiu Cavaco tudo isto acabou. Surgiu um Guterres a tentar agradar a tudo e a todos. Ao fim de 4 anos foi reeleito e bastaram mais 2 para se por a andar. Durão ganha as eleições, coliga-se com Portas e ao fim de 2 anos põe-se a andar! Surge Santana Lopes que no ano que foi primeiro ministro andava mais preocupado na imagem junto dos portugueses do que nos problemas do país. Deu-se então um cheque em branco a Sócrates, que na minha modesta opinião, não passa de mais do mesmo. Um Santana Lopes vindo de outro quandrante político a quem o mediatismo continua a ser a peça fundamental da sua personalidade! Mas voltando a Cavaco, muitos vêm-no como um D. Sebastião, outros vêm-no como um arrogante. Para mim é sinónimo de competência e confiança. Dá cartas na área económica. Mesmo afastado da política activa sempre deu a sua opinião sobre os problemas do país. E como o povo o ouve...Sempre que publica algum artigo de opinião é notícia de abertura dos telejornais. O povo português nunca viveu tão bem como nos tempos de Cavaco. E ninguém esquece isso! Os seus governos tiveram aspectos positivos e negativos. Mas a balança tende bem mais para o lado positivo do que para o negativo. Fossem apenas 4 os candidatos e o vencedor estaria encontrado! Cavaco ganharia sem sombra de dúvida e, quiçá, na 1ª volta!

No entanto surgiu Alegre no terreno. Estes dois candidatos tentam aumentar a autoestima nacional. Os seus discursos apelam à união, ao espírito de sacrifício para que se consiga um país melhor no futuro. Já Soares apenas fala nos votos que vai conseguir aqui e ali e que precisa de se dar a conhecer às gerações mais jovens (estamos aqui estamos a ouvir a pindérica lenga lenga de "Soares é fixe!!!"). Sinceramente, tenho a plena convicção que Soares vai obter uma derrota histórica e que no final se irá arrepender de não ter ficado a a "bater umas sornas" na sua fundação! Nos outros dois nem vale a pena falar...

Estas não são umas eleições quaisquer. Vamos eleger o nosso representante para os próximos 5 anos. Este não é o local para passar cartões amarelos a ninguém. Espero que os portugueses votem em consciência e que acima de tudo assumam o seu direito de voto! Eu ainda não me decidi em quem votar. Há 2 semanas atrás sabia para quem tendia o meu voto. Agora, bem agora, resta-me seguir a campanha e tentar decidir para que lado cairá o meu voto. Para onde não cairá sei eu bem.

Cumprimentos

RC

1 comentário:

Anónimo disse...

Soares devia ser tótil, baril ou fixolas.Já nenhum puto diz fixe!
Cavaco não é propriamente a "boa moeda" e tem uma carreira académica que não devemos interromper.
Alegre tem uma estátua no Parque Manuel Braga (antiga queima)e é um poeta!
Louça tenta "humanizar-se" a todo o custo depois de impedir Portas de falar sobre o Aborto e assume que já fumou ganza e conduziu em excesso de velocidade.
Jerónimo não fala muito...deve andar a poupar a voz para os debates.
Enfim....ainda alguém acredita no forma republicana de regime?